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SEMANA DE ARTE MODERNA DO GAMA (Ato I)

Atualizado: 3 de mar. de 2022

Abertura ocorreu com apresentações de música autoral de artistas locais, outras atividades estão previstas ao longo do mês

Por Juan Ricthelly


A Semana de Arte de Moderna de 1922 completou um século, e embora tenha sido um evento urbano e sudestino, que não dialogou com a diversidade da cultura brasileira, é impossível negar a sua importância, seus significados e influências, que seguem dando o que falar até os dias de hoje, provocando debates sobre o conceito de modernidade e cultura em nosso país.


No espírito de recordar a importância desse evento histórico, artistas e produtores culturais do Gama, resolveram fazer a sua releitura do evento, por meio de uma provocação que se converteu em lema do evento que teve início no sábado:


O que é ser moderno para você nos dias de hoje?


Um questionamento aparentemente simples, mas que pode ser respondido de diversas maneiras, dentre elas por meio da cultura e suas expressões artísticas. Pensando nisso, se arquitetou um evento dividido em atos que privilegiassem os artistas locais, o Ato I – Eixo Musical foi idealizado para ser um momento em que a música autoral tivesse o seu espaço, surpreendendo os organizadores e participantes positivamente, diante do público que foi prestigiar o evento.

Antes de entrar nos detalhes, é fundamental mencionar a convergência de esforços e vontades que tornou um evento tão maravilhoso algo possível. A Professora Carla Geórgia seguramente merece uma menção honrosa pela forma profissional e carinhosa que dedicou à produção do evento, o Poeta Dedé Garcia e Camila Mariele foram essenciais na equipe de organização, a Professora Lucimar e o músico Negodai Miranda numa demonstração inédita de união, conseguiram unir o Quintal do Nego e o Badalu no mesmo ambiente, dois espaços culturais que vêm se destacando em nossa cidade.


O Ato I – Eixo Musical da Semana de Arte Moderna do Gama chamou a atenção pela qualidade dos músicos, suas canções autorais, as apresentações começaram as 17h30 e foram até às 23h.


O músico Leo Campos estreou as apresentações, com um conjunto belíssimo de suas canções em voz e violão num show de 30 minutos.


Logo seguida, a produtora Carla Geórgia subiu ao palco e fez a abertura oficial do evento com uma séria de provocações, chamando logo depois Juan Ricthelly, que fez a leitura do Manifesto da Antropofagia Periférica de Sérgio Vaz, que em seus versos refletiu perfeitamente o espírito do evento.


A Periferia nos une pelo amor, pela dor e pela cor. Dos becos e vielas há de vir a voz que grita contra o silêncio que nos pune. Eis que surge das ladeiras um povo lindo e inteligente galopando contra o passado. A favor de um futuro limpo, para todos os brasileiros. A Periferia nos une pelo amor, pela dor e pela cor. dos becos e vielas há de vir a voz que grita contra o silêncio que nos pune. Eis que surge das ladeiras um povo lindo e inteligente galopando contra o passado. A favor de um futuro limpo, para todos os brasileiros.


A atriz e poetisa Sara Tavares caracterizada como Anita Malfatti surpreendeu o público com uma performance repleta de sentimento, dialogando com as cartas trocadas entre a artista Anita e o poeta Mário de Andrade.


O time de músicos convidados encantou a todos, com Roberto e Luiz (6 anos), pai e filho, que dividiram o palco com suas vozes, acordes e uma flauta de pã, que provocou um efeito musical cativante. O outro artista convidado, foi o já carimbado Manoel Pretto, com a sua postura irreverente, voz única e o bom humor que é uma de suas marcas.


Jairo Mendonça tocou um repertório autoral com canções que fez em parceria com outros músicos, resgatando também músicas do seu CD, Pentagrama da Vida, com direito à coro da plateia, cantando junto com ele:


“Só se dá o que se tem, só faça se for, pra fazer o bem!”


O músico Carlinhos Soares também esteve presente, sendo acompanhado pelo guitarrista Jeremias, apresentando canções repletas de sensibilidade e com uma pegada suave.


Negodai Miranda, como anfitrião do evento e um artista querido pela sua versatilidade capaz de agradar diversos públicos, não podia ficar de fora, e fez bonito! Com um repertório maduro e consolidado ao longo de sua caminhada como compositor, com emoções, poesia e crítica social, com destaque especial para a canção “Consciência Negra”, que questiona o racismo estrutural presente em nossa sociedade.


Depois foi a vez de Juan Ricthelly subir no palco, apresentando pela primeira vez algumas de suas canções em público, com uma variedade estilos que iam da Bossa Nova ao Rock, e letras que falam de amor como “Você é a porra do amor da minha vida”, “Goles de Solidão” e “Uber Black” de Osmar Rocha, convidando o poeta, escritor e artista plástico Joaquim Rodrigues para uma breve intervenção, onde falou sobre racismo e sobre o seu livro recém-publicado “Carvoreiros – Uma Infância Perdida”, finalizando a apresentação com o seu filho Vinícius Ricthelly (6 anos), que pediu para cantar Chico Buarque e Diana.


A história do Rock Gamense esteve presente por meio de Osmar Rocha, com acompanhamento do guitarrista Lucas Lima que fizeram uma apresentação a altura de dois músicos com conexão e afinidade no palco.


Por volta das 22h o Duo Eleni & Chico Nogueira que vieram de longe, fizeram um show que hipnotizou a plateia com suas vozes acompanhadas de um teclado e uma viola caipira, com direito a uma versão em português do clássico italiano antifascista Bella Ciao, com direito à roda de ciranda enquanto cantavam.

O encerramento foi em grande estilo com João Victor Lívio e Leo Noya que fizeram sucesso no instrumental com canções do EP “João Brasileiro”, num casamento entre o jazz, o samba, o baião e o frevo.

O Eixo Musical da Semana de Arte Moderna do Gama chamou a atenção para a importância e o potencial da música autoral, que costuma ser quase um tabu cultural entre os músicos, que vivem de se apresentar para um público que prefere ouvir os clássicos consagrados da Música Popular Brasileira.


Os próximos eixos serão anunciados em breve e deverão privilegiar outras formas de expressão artísticas e pontos de cultura comunitários de nossa cidade.


“É preciso sugar da arte um novo tipo de artista: o artista-cidadão. Aquele que na sua arte não revoluciona o mundo, mas também não compactua com a mediocridade que imbeciliza um povo desprovido de oportunidades. Um artista a serviço da comunidade, do país. Que armado da verdade, por si só exercita a revolução.” Sergio Vaz


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