REFLEXÃO SOBRE RELIGIÃO E ESPIRITUALIDADE
Quem me conhece sabe que sou ateu.
Fui evangélico e tinha o sonho de ser pastor quando crescesse, fui católico a maior parte da minha vida, e nesse período fui coroinha, catequista, da Sociedade São Vicente de Paulo, ajudava na liturgia e tentei ser do canto, depois fui espírita, li muito Kardec e adorava participar das sopas.
Busquei estudar e compreender minimamente algumas religiões que nunca pratiquei, estudei filosofia e sempre busquei respostas para algumas questões, até compreender que não tenho que ter resposta pra tudo.
Vivi a fase do ateu raivoso que tinha a única preocupação de afrontar, zombar e incomodar.
Mantenho minhas opiniões e críticas à religião e muitos de seus aspectos, que compartilho com comedimento em alguns ambientes e com pessoas onde esse nível de diálogo é possível.
Mas também compreendo que a fé é uma arma poderosa, capaz de literalmente mover montanhas e até destruir um país inteiro (estamos vivendo isso), e que em razão disso, não dá pra negligenciar esse aspecto tão importante da vida das pessoas.
Que não é possível falar de coisas complexas como consciência de classe, mais valia e exploração da classe trabalhadora, sem antes respeitar o entendimento mais básico que as pessoas tem sobre a realidade e a vida.
Não dá pra fazer uma política bem sucedida afrontando o que as pessoas acreditam e sentem como verdadeiro em suas vidas, por mais que não seja para mim.
Dentre tantas coisas que as esquerdas precisam compreender, essa é uma delas.
Há pessoas progressistas e de esquerda dentro das igrejas, templos, centros e terreiros, e se não temos disposição de ir até lá, o mínimo que podemos fazer é apoiar essas pessoas que já estão nesses espaços, para que possam apresentar outra perspectiva do que é fé, cristianismo e verdade.
Reflexão de Setembro de 2020
